quarta-feira, 19 de maio de 2010

Som de Aço - Sociedade Alternativa

O Som de Aço essa semana toca Raul. Raul Seixas sempre teve forte apelo ideológico, a maioria das vezes uma ideologia politicamente incorreta, mas sempre convicta. Escolhi a música que expressa tudo aquilo que o Raul pregava e aquilo que ele mais queria, uma sociedade alternativa. Asista ao clipe, mais uma vez daqueles que passavam no Fantástico:



Pela primeira vez misturarei a interpretação da música com o autor. A letra é simplória e para muitas pessoas é "sem noção", mas ela define muito bem o verdadeiro Raul Seixas. Já na infância, em Salvador, onde nasceu e cresceu, Raul devorava os livros e mostrava que seria um cidadão bem politizado e bem convicto ideologicamente. De fato, o foi. Mas há um fator que foi o grande divisor de águas na vida e na carreira dele: um ritmo no mínimo revolucionário chamado Rock'n roll. Ele acabou tendo contato porque morava próximo ao consulado estadunidense em Salvador. Ficou tão afixionado que fundou o Elvis Presley Fã-Clube de Salvador. A partir daí a carreira de Raul Seixas é baseada em várias bandas que formou e que não conseguiam sair da Bahia. Até que numa performance na banda de Jerri Adriani ele é levado a uma turnê no Rio de Janeiro, e daí não volta mais. Consegue gravar seu primeiro disco e se torna produtor de uma gravadora. Depois dessa parte mais "normal" da carreira, ele se rebela de vez.

Junto ao amigo Paulo Coelho, ele funda a Sociedade Alternativa, que tinha seus preceitos baseados no ensinamento do bruxo inglês Aleister Crowley que dizia:

"Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei."
A música Sociedade Alternativa passa a ser cantada em todos os shows de Raul Seixas, mas, como sempre, estava lá a Ditadura Militar para interromper tudo. Achando que a Sociedade Alternativa seria algum tipo de anti-movimento, os militares prenderam e torturaram Raul Seixas e Paulo Coelho, que foram exilados nos Estados Unidos. Dizem que por lá Raul chegou a se encontrar com John Lenon. Depois da grande venda do disco Gita, o governo achou melhor trazê-los de volta, pois o sucesso poderia levantar suspeitas do desparecimento dos dois. Raul sempre teve como características discos que o revelavam um anti-herói, um sucesso em público, mas um desgosto para a crítica. Não gosto de falar sobre a morte de Raul Seixas, até porque ele não morreu, ele simplesmente entregou o próprio corpo à morte.

No especial Por Toda Minha Vida, da Rede Globo, um dos amigos de Raul Seixas comentou o seguinte a respeito da frase "Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei.": "Realmente ele fez o que quis, porque achava que há de ser tudo da Lei, mas ele pagou caro por isso". Raul ainda faz fãs, mas não é nenhum exemplo para a vida pessoal das pessoas.

O que eu penso da Sociedade Alternativa? "Faze o que tu queres, desde que a Lei que tu segues respeite o juízo". Juízo foi a última coisa que Raul Seixas teve até o dia de sua morte. Creio eu, que se ele tivesse moderado um pouco mais no álcool (era diabético e morreu por causa de uma pancreatite aguda depois de ter bebido e não tomado a insulina) e nas drogas, a vida dele não teria sido mal aproveitada.
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